Decorrida a 1.º volta do campeonato, 15 jornadas com 14 jogos disputados, podemos fazer um mini-balanço do que vivemos até agora.

Campeonato

O campeonato tem-se pautado pelo equilibro com 5 equipas a chegarem posicionadas na frente, com o Pedroso a ser aquela que passou mais tempo no 1.º lugar. Os 2 primeiros têm 4 resultados negativos, 3.º e 4.º têm 5 resultados negativos e o 5.º tem 6 jogos sem ganhar.
Assim, destes 5 apenas o Paradela não depende só dele para ser 1.º classificado. Pedroso, Salgueiros 08, Atlético de Rio Tinto ou Vilar do Pinheiro garantem o 1.º lugar se vencerem os jogos todos até ao final.
No estudo que apresentamos neste post, verificamos que nos últimos 2 anos no final chegaram duas equipas algo distantes das restantes. Aparentemente este ano o campeonato está mais equilibrado. Assim, o primeiro classificado tem 76% dos pontos disputados ao invés dos 84% que vimos que conseguiram os dois últimos campeões. O Salgueiros 08 está com 69%. Aliás para conseguir os tais 84% de pontos para ser primeiro, vimos também que só se poderiam perder 14 pontos, sendo que o Salgueiros já perdeu 13, ou seja, está a beneficiar bastante deste maior equilibro, para ainda estar na corrida pelo 1.º lugar.

Na análise do mini-campeonato das 5 equipas da frente podemos concluir algumas coisas.

Mini-campeonato (so contando jogos entre os 5 primeiros classificados)
(Total de pontos possíveis: 12)
CART: 8
Paradela: 7
Vilar Pinheiro: 6
Pedroso: 5
Salgueiros 08: 1

O balanço deste mini-campeonato é muito negativo para o Salgueiros. Apenas um empate com o Pedroso em casa e 4 derrotas, sendo uma delas em casa com o Paradela. Além destes jogos o Salgueiros só empatou uma vez, fora, com o Atl. de Vilar. O CART teve a melhor prestação com 2 vitórias e 2 empates. Concluímos que enquanto o Salgueiros fraquejou quase sempre com os adversários directos e só com eles, as restantes equipas perderam os seus pontos em momentos mais surpreendentes, com equipas mais abaixo na tabela.

Golos marcados:
Salgueiros 08: 47
Pedroso: 37
Paradela: 33
CART: 29
Vilar Pinheiro: 23

A grande superioridade do Salgueiros, com mais 10 golos que Pedroso resultaram de algumas goleadas dilatadas, que nem por isso permitiiram estar acima do 4.º lugar. Basta verificar que o Vilar do Pinheiro tem menos 24 golos (mesmo de metade dos golos do Salgueiros!!!) e tem mais 1 ponto e está uma posição acima.

Golos sofridos:
Salgueiros 08: 19
Paradela: 13
CART: 13
Pedroso: 12
Vilar Pinheiro: 11

Com esta tabela concluímos facilmente que a equipa não esteve bem a defender. Sofreu bastantes mais golos que os adversários directos.

Outro aspecto que foi bastante discutido foi a adaptação da equipa a campos pelados. Na realidade nos 4 jogos que disputou o Salgueiros ganhou 2 e perdeu 2, apesar de as reviravoltas em S. Romão e Cruz terem sido imensamente suadas.

Equipa

Em termos tácticos a equipa iniciou o campeonato em 4-4-2, nos dois jogos que perdeu. Desde aí estabilizou num modelo que utilizou quase todo o tempo, com a excepção da segunda parte contra o S. Romão que voltou a utilizar o 4-4-2 num período da 2.ª parte..
O modelo alicerça-se em futebol apoiado e de posse de bola, com os desiquilíbrio a serem tentados mais nas alas, onde jogam sempre 2 jogadores bem abertos, muitas vezes a jogar do lado oposto ao seu pé favorito (Carminé na direita e Carvalho da esquerda).
Os defesas laterais tendem a ser bastante ofensivos e a tentaram frequentemente a combinação com os alas.
Com Fernando Almeida em campo a equipa muda um pouco e é privilegiado mais o jogo interior, com combinações à entrada da área pelo centro do terreno.
O meio campo é composto por um trio normalmente muito móvel, e que não joga em triângulo estático. Há sempre um '6' mais colado à defesa, um '8' em posição intermédia e um '10' a apoiar directamente o ataque. Este 10 é muitas vezes Fernando Almeida, que actua mais como segundo avançado do que médio ofensivo.
Outra marca da equipa é o jogo directo para o ponta de lança Heitor. Quer directo do guarda-redes ou centrais quer dos flancos, Heitor é sempre solução pela capacidade imensa de ganhar a bola, segurar e servir de pivot para combinações da frente para trás.

A rotatividade na utilização de jogadores, permitiu acabar a 1.ª volta com 26 utilizados, e 13 escalonamentos diferentes em 14 jogos.
Só um jogador alinhou todos os minutos de todos os jogos: o lateral direito Passos.
Monteiro, cumpriu os 14 jogos, mas 5 de forma incompleta.
Carvalho também é totalista em jogos, com 84% dos minutos disputados, só terminando metade deles.
Rochinha também faz parte da espinha dorsal da equipa, falhando 3 jogos apenas por castigo, com 78% dos minutos jogados.
Nessa mesma espinha dorsal, deveremos também incluir Eládio, Renato e Heitor, que só não jogaram quando indisponíveis por lesão ou por motivos profissionais, contam com 76%, 72% e 71% dos minutos jogados.
Outro jogador muito frequente, mas sempre a jogar cerca de meio jogo foi Fernando Almeida, com 41% dos minutos jogados, só falhando um jogo por motivos pessoais.
Rui Lima também jogou todos os jogos menos 1 por castigo, desde que se juntou ao plantel, contando com 11 jogos.

Na baliza Miguel fez 8 jogos contra 6 de Igor. Pedro Santos ainda não foi utilizado. Além deste só Miguel Pereira, lateral esquerdo, ainda não foi utilizado.

O centro do meio campo foi o sector que mais alterações sofreu durante toda a 1.ª volta, quer em nomes utilizados quer em posições, senão atente-se:
Dois jogos em 4-4-2
1- Monteiro, Varziela
2- Monteiro, Mário
Restantes em 4-4-3 (jogadores apresentados de traz para a frente no terreno)
3- Cao, Monteiro, Rúben
4- Cao, Monteiro, Rúben
5- Monteiro, Rui Lima, Rúben
6- Cao, Telmo, Monteiro
7- Cao, Monteiro, Rui Lima
8- Monteiro, Rui Lima, Pedro Teixeira
9- Cao, Rui Lima, Monteiro
10- Cao, Monteiro, Rui Lima
11- Monteiro, Rui Lima, Rúben
12- Monteiro, Rui Lima, Rúben
14- Monteiro, Rui Lima, Rúben
15- Telmo, Fábio, Rui Lima
Imensas alterações, com as maiores mexidas sempre a acontecerem nos campos pelados (jornadas 2, 6, 10 e 15). A estabilidade esteve em Cao, suplente apenas em 2 jogos (enquanto esteve disponível), Monteiro que só não jogou de início na última jornada e Rui Lima, que desde que chegou ao plantel só falhou um jogo por castigo. Monteiro jogou primordialmente nas posições 6 e 8, e por duas vezes a 10. Rui Lima 8 e 3 vezes na posição mais adiantada do meio campo, a 10.
Rúben só esteve em metade dos jogos jogando a 10, tendo mais 3 aparições a médio-ala direito.
Na defesa a dupla Eládio – Renato só foi desfeita quando estiveram indisponíveis.
Nas alas a dupla Carvalho e Carminé foi a mais utilizada, de forma cada vez mais frequente com o decorrer do campeonato.

Nos golos Heitor lidera com 11 golos em 12 jogos, 23% dos golos da equipa.
Depois Fernando Almeida com 8, Rúben com 6 e Jean e Carminé com 4. No total estes 5 jogadores contribuiriam com 70% dos golos da equipa.

Adeptos

Talvez a grande vitória deste Salgueiros 08 foi voltar a reunir os salgueiristas. Sentindo-se no início algumas resistências à criação do novo clube, mudança de nome, novo emblema, etc... quase todos ultrapassaram essas reservas e abraçaram a equipa e envolveram-se na romaria semanal. As lágrimas correram abundantemente na estreia ao ouvir de novo o hino do velho Salgueiros, que se mantém como banda sonora para esta nova encarnação..
Reviram-se velhas amizades e retomou-se o gosto pela 'bola' e pelo Salgueiros.
Além do jogo inicial, o do regresso, ficam na memória as enchentes no excelente Estádio da Maia para defrontar o Inter Milheirós, a recepção ao Pedroso com a maior assistência da época ou a última invasão ao Campo do Outeiro.
A este blog foram chegando mensagens de adeptos e jogadores adversários desejando sorte ao nosso clube e a felicitar para massa adepta que o acompanha. Um exemplo logo após a primeira jornada: “Por outro lado, quero dizer que foi para mim um grande orgulho e satisfaçao jogar perante tamanha moldura humana, o que já nao sentia há bastante tempo! Sempre me habituei a ver o Salgueiros contra o meu clube (Vitoria de Guimarães) no velhinho Vidal Pinheiro e espero sinceramente que este histórico clube retome o seu lugar entre os grandes!!! Um abraço e saudaçoes desportivas! “. Uma mensagem entre muitas, quase sempre de simpatia e empatia para com o nosso clube.
A dada altura fizemos esta reflexão, que se mantém hoje válida. O Salgueiros ser a 13.º (ou 12.º ou 14.º para o caso pouco importa) equipa com mais assistência a nível nacional, estando na 7.º Divisão é um louvor imenso à tenacidade, paixão e capacidade de sofrimento dos seus adeptos, após tudo por o que clube passou e 3 anos de paragem no futebol sénior.

Conclusão

Como afirmou Pedro Reis em entrevista radiofónica após as duas primeiras derrotas, esta equipa teria que 'aprender' futebol distrital. Uma boa percentagem do plantel, bastante jovem diga-se, não tinha nenhuma experiência nesta divisão e muitas vezes o futebol demasiado aprimorado foi obstáculo à eficácia necessária.
Ora essa aprendizagem está feita. Conhecemos adversários, conhecemos campos, conhecemos o tipo de futebol praticado e conhecemos que tácticas de anti-jogo que por vezes temos que defrontar. A equipa conhece-se melhor e tem ritmo nas pernas. Sabemos que não encontramos nas outras equipas melhores jogadores que os nossos.
A partir daqui tem que existir crescimento necessariamente. Dentro do modelo de jogo que está enraizado, a equipa tem que conseguir manter uma estrutura mais estável que dê segurança a jogadores que entrem com menos rodagem. É necessário melhorar processos defensivos colectivos e treinar um modelo alternativo a utilizar em caso de desvantagem no marcador. Resumindo é preciso crescer como equipa.
Isso será o trabalho diário dos jogadores e equipa técnica.
A todos nós que assistimos de fora, resta-nos desfrutar...
Desfrutar da companhia dos nossos amigos salgueiristas que se voltaram a reunir ao fim de semana.
Desfrutar a ver uma jovem equipa a representar o Salgueiros, com paixão e entrega que fazem justiça a uma história de 97 anos.
Desfrutar das fracas condições que muitos campos apresentam, porque é neles que joga o nosso Salgueiros.
Desfrutar do fervor com que os adversários vivem os confrontos com a nossa equipa, que só nos engrandece.
Desfrutar dos golos do Heitor, da mestria do SR. Fernando Almeida ou da calma do Renato.
Desfrutar das correrias do Passos, das fintas do Carvalho, dos passes de Rúben ou dos balázios do Carminé.
Desfrutar da veterania do capitão Eládio e do pulmão infinito do Monteiro.
Desfrutar de ter uma equipa que apoiamos, como ela nos apoia a nós.
Desfrutar da continuação deste novo início, com a imensa esperança de um final apoteótico, sendo certo que a alegria no trajecto será tão ou mais importante que a alegria de alcançar o objectivo final.

Que sejam 15 jornadas à Salgueiros, com muita Alma, no caminho de encontro à sua futura história.