Germano Silva, jornalista, escritor, amante do Porto, tem vários títulos publicados sobre a história da Invicta.
O lado bairrista das gentes do Porto é, para Germano Silva, a chave para se perceber este fenómeno: «No Porto houve sempre uma ligação muito ao lugar de origem, à nossa rua, ao nosso bairro. Os portuenses têm orgulho no lugar onde moram e gostam de torná-lo visível», aponta, em conversa com A BOLA.
A organização urbana que marcou o crescimento da cidade ajuda a explicar esta enorme multiplicação: «No Porto sempre houve muitas ilhas, pequenos bairros, onde todos se conhecem. Vivi muitos anos numa ilha, sei do que estou a falar. Raro era o dia em que não havia barulho, uma discussão entre vizinhos, mas quando uma família tinha uma dificuldade séria, um problema grave, todos ajudavam. Ora, é este espírito solidário e popular que se transporta para a criação de pequenos clubes de bairro, que se espalham um pouco por toda a cidade».
SOLTEIROS E CASADOS
A componente desportiva é uma escolha natural de uma cidade que foi sempre muito virada para o futebol e tantas outras modalidades. Mas houve outras formas de exteriorização dessa veia associativa: «Foram-se formando grupos de teatro e conjuntos de excursionistas, que se juntavam e visitavam três ou quatro cidades, até onde o dinheiro chegasse...»
O grande momento colectivo é a noite de São João, uma «impressionante demonstração de afectividade e espontaneidade», aponta Germano Silva.
«Nas rusgas sanjoaninas, com sede nas Fontainhas, a Meca do São João, revelam-se também muitas colectividades, com forte cariz recreativo e algumas delas, também, desportivo», refere este amante da história do Porto. «Alguns desses grupos tinham nomes muito curiosos: recordo-me, por exemplo, de 'Os Tripeirinhos do Bem', 'Nós vamos, elas ficam', 'Os bairristas do Palácio'...»
Os jogos de amadores, entre «solteiros e casados», entre «colegas de ofício», entre «vizinhos», marcaram gerações no município tripeiro e são, para Germano Silva, «a expressão mais genuína da vocação desportiva da cidade do Porto».
NUMA ERA PRÉ-TELEVISÃO
Germano Silva recorda clu-bes como «o Progresso, o Ramaldense, o Cruz, o Francos, tantos outros... Quem for ver o campo do Cruz, por exemplo, terá uma surpresa, pois ele está exactamente como era há 50 anos. De alguma forma, até parece que o tempo parou...» E revela: «Eu próprio joguei à bola, nos juniores do Boavista. Era guarda-redes, mas trabalhava ao mesmo tempo e não pude fazer carreira».
O lado «humilde», «trabalhador» e «operário» das gentes do Porto marcou a vivência de uma cidade durante décadas e décadas. E moldou-lhe a identidade: «Pelos anos 30, em bairros como aquele em que eu morei, havia só um rádio. Mesmo quando apareceu a televisão, durante anos e anos não havia dinheiro para comprar um televisor. O desporto era um dos principais passatempos. Eram outros tempos, havia rivalidades, mas também uma grande generosidade e solidariedade. Era um futebol verdadeiramente popular...», comenta o escritor.
TENDÊNCIA DECRESCENTE
Em meados da década de 90, o município do Porto chegou a ter 668 clubes ou agremiações desportivas, valor ao qual se poderiam ainda juntar perto de duas centenas de associações de carácter recreativo. Na última década e meia, esse valor tem vindo a reduzir-se, naquilo que aparenta ser um reflexo da clara quebra de poder económico da região do Porto.
Com menos apoios por parte dos poderes públicos (nacionais e locais) e uma menor margem para arriscar a nível da iniciativa privada, os últimos anos têm apontado uma indesmentível tendência decrescente da pujança desportiva do Porto.
Os casos de Boavista e Salgueiros são os exemplos mais visíveis do problema, embora a tentativa de recuperação já iniciada pelo Salgueiros e a inscrição dos axadrezados na II Divisão mostrem, também, que há uma base popular importante para se acreditar que este não é um caminho sem retorno.
UM ANO DE PARTICIPAÇÃO
"Quem perde os seus bens, perde muito; quem perde um amigo, perde mais; mas quem perde a coragem, perde tudo"
É fácil de entender que com este simples e digno pensamento e após um ano de participação no futebolar que o SALGUEIROS E A MINHA CIDADE DO PORTO se sintam atingidos por esta manifestação.
A cidade do Porto perdeu um dos seus bens quer do ponto de vista fisico quer do ponto de vista social, cultural e desportivo. E esse bem tem um nome: SPORT COMÉRCIO E SALGUEIROS. Logo a cidade perdeu um dos seu bens
A cidade do Porto e os portuenses perderam um amigo com o SALGUEIROS a ser decepado e mutilado em praça pública e se a cidade perdeu um amigo, a cidade perdeu mais.
Mas curioso é que quer a cidade quer o SALGUEIROS não perderam a coragem, porque a ALMA DOS DOIS EXISTE, logo, não se perdeu tudo.
Ainda, recentemente, numa leitura assídua que faço aos comentários desse Professor e escritor de seu nome HELDER PACHECO, dizia como titulo: - A ALMA DA CIDADE.
Ao longo do seu primoroso texto dizia o prof. Herder: - " ...como dizia uma ribeirense que não abdica da ufania de ser tripeira, esta gente calma e respeitadora. A senhora Ribeirense, era humilde, pobre, mas mesmo com cara de fome, se a pisassem ou a ofendessem, não se ficava e revoltava-se contra as injustiças"
Ao ler esta pequena mas imensa e nobre verdade, dou comigo a comungar uma nova ideia que de tão verdadeira invade as margens do verdadeiro rio Douro e banha a cidade porque nos toca na alma:
"Quem conheceu na Ribeira
os homens duros de outrora
Concerteza tem saudade
da Baixa desta cidade
Tão diferente, ela é agora"
E mais longe não muito longe, referia: " Claro que a Ribeira não morreu" NÃO MORREU PORQUE É A ALMA DA CIDADE.
Quero aproveitar este texto para cumprimentar e agradecer a todos em geral o terem compreendido ao longo destes 12 meses o apreço e o carinho que sempre dedicaram ao SALGUEIROS.
E manifestar o primeiro comentário que recebi do 1º texto que postei com o aparecimento do Salgueiros:
- "Ora aqui está uma noticia que nos devemos orgulhar" (Carlos Daniel)
Autor: camapaco a 26 Setembro 2009 - 15:20 mau artigo Categorias: - Partilhar artigo
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