Fuga mal sucedida
in O JOGO 11/02/2011 - Cristina Aguiar

A vida é marcada por instantes decisivos; mas no futebol esses momentos podem tornar-se uma opção precipitada e comprometedora. Aos 16 anos, poucos são os que se vêem perante uma escolha que o futuro acabará por expor como ilusão, como aconteceu com Joel. Um caso de sedução cega por parte de alguém que lhe acenou com o sonho de jogar no Benfica. Já quase ninguém se recorda do episódio do miúdo que se juntou ao estágio dos benfiquistas em Genebra, na Suíça, à revelia dos responsáveis do Salgueiros. Foi há seis anos que Joel saltou para as páginas dos jornais, originando um processo que viria a dar em nada. Mas o jovem achou que a carreira estava lançada pelo simples facto de o Benfica o ter acolhido. Virou as costas ao Salgueiros; já a atravessar a agonia que desembocaria na extinção do futebol profissional.
Joel cresceu e completou a formação como central, na academia da Luz, ao qual se juntou outro ex-salgueirista, Pelé, acentuando a confusão entre os dois clubes - mais tarde, o Inter de Milão iria buscar o trinco ao Guimarães. Jogou no Benfica B na esperança "de prolongar o contrato". Teve azar, os encarnados acabaram com a equipa B, lançando Joel para o vazio e "sem acompanhamento" que lhe permitisse "encontrar colocação". O tempo passou e a tal oportunidade não chegou. Começara a viagem pela incerteza nos escalões inferiores: Canedo, Madalena, Candal e, por fim, Cinfães. É no clube do distrito de Viseu que Joel, com 23 anos, refaz a história da carreira. Sobressai como melhor marcador do líder da Série C da III Divisão, atribuindo às qualidades de central uma faceta atractiva. Apesar da "frustração", diz que "não há razão para arrependimento" e, se pudesse voltar atrás, "não desistiria dos estudos" e "não teria agido incorrectamente" com o Salgueiros - Joel aproveitou o castigo de dois jogos para se ausentar sem autorização da Direcção do clube de Paranhos. Tinha dois sonhos: jogar ao alto nível e tirar a licenciatura em Educação Física. Ficaram pelo caminho, embora ainda haja tempo para concretizar ambos.
Não obstante o insucesso, a aventura, diz, "foi boa". "Cresci como pessoa e aprendi a ser independente, enquanto estive sozinho em Lisboa". Mas, por outro lado, "tive dissabores". "Abdiquei dos estudos, que, se me mantivesse no Porto, teria concluído e poderia continuar atrás do sonho". Ainda assim, Joel completou o 12º ano, quando regressou a casa, na freguesia de Campanhã.
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