A equipa tinha ido para o intervalo rodeada de uma fria apreensão que soprava das bancadas. Apesar da enxurrada de cantos e livres, duas boas oportunidades tinham sido falhadas e o Águas Santas tinha mostrado dotes na área ofensiva. Como desembrulhar mais uma vitória?
Primeiro minuto da segunda parte e outro canto. Os mais altos posicionam-se: Heitor e Renato para o primeiro poste, Monteiro e Rúben no centro e o capitão Eládio aproxima-se de pantufas do segundo poste, estranhamente sem marcação. Rochinha foi dar uso ao seu pé esquerdo e
bateu tenso com a bola a fugir no sentido da baliza, para a entrada da pequena área. Heitor dá uso ao seu cabedal XL e deixa o seu marcador de gatas. O 'Baresi de Paranhos,' Renato, dá um passo atrás e enquadra-se com a bola, conseguindo o nosso '3' saltar um palmo mais perto do céu que o gigante '33' deles. Olhando o segundo fotograma vemos que o (bom) guarda-redes do Águas-Santas ocupa pouco mais que metade da altura da baliza, o que torna a sua estirada tão espectacular como inútil, com a bola a entrar praticamente atrás da barra, de tão colocada que foi. Uma bola de defesa quase impossível mesmo para um guarda-redes que tivesse mais 30 cm. Ou 40. A Sra. Juíza da partida assiste a tudo imóvel e em sentido, como uma militar graduada a vigiar as tropas em exercício.
Com os 4 de branco 'fénix' em expectativa o capitão percebeu primeiro que ela estava lá dentro e que o mais difícil estava feito. Levantou os braços, seguramente não adivinhando que ainda o teria que fazer mais 5 vezes nessa tarde, para festejar outros tantos golos.
O histórico Renato, que ainda há um ano actuava num Estádio Euro 2004 vazio, está agora de volta aos grandes palcos, a ser decisivo perante 2000 admiradores. Com a bola nos pés, mantém a mesma frieza que dava tonturas ao Salgueiristas quando se estreou com 18 anos na equipa principal, já ai totalmente avesso a xutões para a frente, saindo sempre a jogar de redondinha no pé, como nenhum outro central português sabia fazer.